domingo, 27 de dezembro de 2015

A Cruz de Pedro

Você pode se perguntar: o que o apóstolo Pedro (I a.C.- 67 d.C) tem a ver com a cruz invertida, símbolo do satanismo? Historicamente, a resposta é nada. Pedro é considerado pela Igreja Católica o primeiro bispo de Roma e o fundador da igreja de Cristo (Mateus 16:18), embora algumas escrituras indicam que Paulo, tenha sido também fundamental para a sistematização da igreja nos primeiros séculos depois da morte de Jesus. 
Figura 1: Cruz de São Pedro.

A origem deste símbolo (Figura 1) está na tradição católica que, segundo o teólogo Orígenes, Pedro (que negou Jesus três vezes, Lucas 22:54-62)  foi crucificado de cabeça para baixo (que é muito mais doloroso!), pois sentiu que não era digno de ser executado da mesma maneira que Cristo. Para os católicos, esse ato, simboliza humildade, amor e respeito.

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Figura 2: Crucificação de São Pedro, Caravagio, 1600.

Dessa forma, seu pedido foi atendido e, desde então, essa cruz é conhecida como a cruz de São Pedro e por isso, muito utilizada nos rituais católicos. Além disso, muitas igrejas utilizam o símbolo da cruz invertida (por exemplo, a igreja presbiteriana e metodista) sobreposto por chaves, que representam as chaves do céu, conhecidas como as chaves de São Pedro (Mateus 16:19).
Figura 3: As chaves do Céu.


Por outro lado, a cruz invertida representa um dos símbolos satanistas medievais, uma vez que suas cerimônias estavam baseadas em dogmas avessos ao cristianismo e que hoje é bastante usada por grupos de Rock de estilo gótico, death metal e black metal. Desde então, muitas seitas satânicas utilizam a cruz como símbolo do anti-cristo, representando as forças do mal ou do diabo, bem como a negação aos dogmas do cristianismo. 

O símbolo causou polêmica quando o Papa João Paulo II visitou Israel em março do ano 2000. Na cerimônia, o Papa utilizou uma cadeira com o símbolo da Cruz de São Pedro, o que levou a rumores que o pontífice estava envolvido com seitas satânicas (ou curtia um rock mais pesado, rs). 

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Figura 4. Papa usando uma cadeira com o símbolo da Cruz de São Pedro. 




Fonte:  Saints for Dummies, pág. 33 - John Trigilio, Kenneth Brighenti - For Dummies, 2010.

domingo, 20 de abril de 2014

SIMETRIA MOLECULAR E TEORIA DE GRUPO


3DMolsym é um programa desenvolvido por pesquisadores gregos da Aristotle University of Thessaloniki para visualizar os elementos de simetria de moléculas e realizar animações de operações de simetria dentro de um espaço 3D interativo. Seu objetivo é ajudar os estudantes de química a extrair informações baseadas nas propriedades de simetria da estrutura molecular. 

3DMolSym inclui uma base de dados com 48 espécies de moléculas orgânicas e inorgânicas, correspondendo a todos os grupos pontuais de interesse químico.

Não é necessário baixar o programa. 3DMolSym é online! Ele foi desenvolvido com o Adobe Director, então é preciso baixar apenas o plugin do ShockWave Player.


APRESENTAÇÃO

O display do programa onde a molécula e seus elementos de simetria são mostrados é um ambiente em 3D e interativo. Com o mouse, você pode clicar na molécula e girá-la para obter uma melhor visualização dos elementos de simetria. 

A molécula pode ser mostrada no formato de bola e bastão ou wireframe, basta clicar em "Preferences" no painel igual ao que é mostrado ao lado. Uma coloração diferente é adotada para cada tipo de átomo.

Eixos de simetria são mostrados como setas amarelas. Planos de simetria são mostrados como áreas semitransparentes amarelas. Centro de inversão é mostrado como um ponto semitransparente de cor amarela.

Representações das estruturas de acordo com o menu 'preferences'.



SELECIONANDO UMA MOLÉCULA


A seleção de uma molécula é realizada clicando na linha apropriada no painel "Molecules". A lista de moléculas está em ordem alfabética. Para descer a lista, clique na barra e arraste ou clique nos botões ↑ ou . Você pode remover a seleção da molécula e limpar a tela em qualquer momento clicando em "Remove selected molecule".










SELECIONANDO UM ELEMENTO DE SIMETRIA

Quando uma molécula é selecionada, seus elementos de simetria são listados no painel "Elements' selection". Movendo o mouse sobre cada elemento de simetria, sua posição na molécula é mostrada na tela. Clicando sobre um elemento de simetria escolhido, ele será mostrado permanentemente na tela. Você pode adicionar outros elementos de simetria à molécula escolhida bastando clicar nas caixas dos demais elementos.


No modo de grupo pontual, os elementos de simetria da molécula selecionada são mostrados no painel "Elements' selection" como menu hierárquico na ordem em que eles aparecem nas tabelas de caracteres dos grupos pontuais e classificados de acordo com a sua classe simétrica.
Cada classe acompanha um número indicando quantos elementos de simetria pertencem a essa classe. Clicando em cima da classe, ela é expandida e seus elementos de simetria são mostrados.

OPERAÇÃO DE SIMETRIA
Quando um elemento de simetria é selecionado a partir do painel "Elements' selection" e mostrado na tela, o usuário pode animar a operação de simetria correspondente manualmente ou automaticamente. Animação automática é realizada clicando no botão  (Perform Operation Button). Animação manual é realizada arrastando a barra acima do botão (Perform Operation Slider).


Quem quiser saber mais sobre o programa 3DMolSym, pode acessar a página do Molwave. Lá você pode encontrar mais dois programas usados no ensino de química.

Bons estudos!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

AIDS, a casa dos números

Muitos anos após a descoberta do vírus HIV (Human Immunodeficiency Virus) muito pouco se tem ouvido da descoberta de uma suposta "cura" para a AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome). Aliás, você sabe a diferença entre AIDS e HIV? 

Enquanto a indústria farmacêutica fatura milhões de dólares com a venda  de medicamentos que se dizem eficientes no combate do HIV, do outro lado, renomados cientistas ainda discutem se o tal vírus realmente existe. Em meio disso, as pessoas que são consideradas portadoras do vírus permanecem sujeitas às mazelas provocadas pelos diversos efeitos colaterais de uma medicação ineficaz. 

Por que o continente africano é a região mais assolada pela AIDS? O Critério de Bangui criado para identificar casos de afecções causadas pelo vírus HIV baseia-se somente em observações clínicas como perda de peso, febre alta dentre outros, não há exame de sangue. Exames mais apurados necessitaria de mais tecnologia e recursos, duas coisas que muitos países africanos não dispõem. Dessa forma, muitos pacientes subnutridos foram diagnosticados como soro positivo. Isso fez com que a estatística sobre a contaminação com HIV atingisse números absurdos. A grande pergunta que fica é: o que estamos realmente tentando combater? Até mesmo o virologista francês Luc Montagnier, um dos responsáveis pelo descobrimento do HIV disse que o papel desse vírus na causa da AIDS "continua a ser indeterminado".
Outro ponto polêmico é: o quão confiáveis são os nossos testes de HIV? Não há 99% de certeza. Existem vários tipos de testes e cada país possui um teste distinto do outro. É muito provável que se um índio, completamente isolado do contato com a civilização, fizesse todos os tipos de teste de HIV que existem hoje, um deles apresentaria um resultado positivo. Aí você poderia pensar "Meu Deus, o HIV se propagou no mundo inteiro!". A proposição é tão ridícula quanto o grau de confiabilidade que damos para esses testes. Leonard Mlodnow mostra em seu livro 'O andar do bêbado', como a estatística desses testes pode ser traiçoeira. Qualquer pessoa pode ser diagnosticado como um falso-positivo muito facilmente. É probabilidade. E devemos acrescentar vários outros erros intrínsecos a esse tipo de exame como erro do método, do operador... a lista vai longe.

Em que acreditar? Como diz um velho ditado, existem três tipos de verdades: a minha, a sua e a verdadeira. Até agora só vimos um lado dessa história. Precisamos ser mais críticos e atentos para promover melhores soluções. O fato é que somos muito condescendentes com todo o tipo de informação que nos chega aos ouvidos. Isso precisa ser mudado. Uma informação sem questionamento, sem compreensão acaba por ser aceita como verdade absoluta. É como meu pai sempre me dizia que uma mentira bem contada, acaba tornando-se uma verdade.


Tudo isso e muito mais está relatado nesse sensacional documentário chamado AIDS, A Casa dos Números. Nele, várias personagens da ciência, jornalistas investigativos e presidentes de ONGs são indagados sobre a AIDS e suas causas. A realidade é que não há consenso nem mesmo entre as autoridades mais competentes sobre o assunto. É como minha professora de orgânica, Rosana, me disse uma vez: onde quer que exista a certeza, que eu leve a dúvida. 


Um ótimo documentário a todos.







sábado, 6 de abril de 2013

Profissão cientista não existe no Brasil

Olá a todos!

Uma das mais inquietantes perguntas que nos fazem quando ainda somos crianças é: "O que você vai querer ser quando crescer?". A resposta, é por sinal, bastante complexa, tendo em vista o grande número de carreiras e profissões que existem hoje, as quais podemos escolher. Pois bem, mas se você escolheu ser um cientista, sinto muito em lhe informar que esta profissão não existe... pelo menos não no Brasil.

O programa Roda Viva do dia 25/03 teve como convidada a neurocientista Dra. Suzana Herculano-Houzel. Ela falou sobre vários assuntos, bastante interessantes (vale a pena ver a entrevista na íntegra aqui). Todavia, o que me mais me chamou a atenção foi o seu ponto de vista sobre como é fazer ciência e como é ser um cientista no país. A Dra. Herculano-Houzel também é a autora do famoso e polêmico texto "Você quer mesmo ser um cientista?" publicado no ano passado em seu blog.

Você que é pesquisador, mestrando ou doutorando... recomendo que assista esse vídeo. Vale a pena. Abraços a todos.


Número de Ouro



A Matemática não se resume a propriedades, fórmulas e regras. Existem alguns números especiais que são tão onipresentes, que nunca deixam de nos surpreender. O mais famoso deles é o número Pi (π), que é a razão entre a circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro.O valor de Pi, 3,14159…, tem fascinado muitas gerações de matemáticos. Embora tenha sido originalmente definido na geometria, o Pi aparece muito frequente e inesperadamente no cálculo de probabilidades.


Menos conhecido que o Pi é um outro número, o Fi (Φ), que, em muitos aspectos, é ainda mais fascinante. Suponha que eu lhe pergunte: o que o encantador arranjo de pétalas numa rosa vermelha, o famoso quadro “O Sacramento da Última Ceia”, de Salvador Dalí, as magníficas conchas espirais de moluscos e a procriação de coelhos têm em comum?


É difícil de acreditar, mas esses exemplos bem díspares têm em comum certo número, ou proporção geométrica, conhecido desde a Antiguidade, um número que no século XIX recebeu o título honorífico de “Número Áureo”, “Razão Áurea” e “Seção Áurea”. Um livro publicado na Itália no começo do século XVI chegou a chamar essa razão de “Proporção Divina”.O valor exato da Razão Áurea é o número que nunca termina e nunca se repete 1,6180339887…, e esses números que nunca terminam têm intrigado os homens desde a Antiguidade.


Diz uma história que quando o matemático grego Hipasos de Metaponto descobriu, no século V a.C., que a Razão Áurea é um número que não é nem inteiro (como os familiares 1, 2, 3…) nem razão de dois números inteiros como as frações 1/2, 2/3, 3/4,…, (conhecidos coletivamente como números racionais),isso deixou totalmente chocados os outros seguidores do famoso matemático Pitágoras (os pitagóricos).

A visão de mundo dos pitagóricos era baseada numa admiração extrema pelos arithmos — as propriedades intrínsecas dos números inteiros ou suas razões — e seu suposto papel no Cosmo. A descoberta de que existiam números como a Razão Áurea que continuam para sempre sem exibir qualquer repetição ou padrão causou uma verdadeira crise filosófica.


Reza a lenda que, aturdidos com a estupenda descoberta, os pitagóricos sacrificaram, apavorados, cem bois, embora isso pareça ser bastante improvável, já que os pitagóricos eram estritamente vegetarianos. A data exata da descoberta de números que não são inteiros nem frações, conhecidos como números irracionais, não é conhecida com grau algum de certeza.


O que é claro é que os pitagóricos basicamente acreditavam que a existência de tais números era tão horrível que devia (a existência) representar algum tipo de erro cósmico, algo que deveria ser suprimido e guardado em segredo.

Mas por que tanto alvoroço em torno disso? O que faz desse número, ou proporção geométrica, algo tão interessante que deva merecer toda essa atenção?

A atratividade do “Número Áureo” origina-se, antes de tudo, do fato de que ele tem um jeito quase sobrenatural de surgir onde menos se espera.

Veja a demonstração algébrica da Razão Áurea clicando AQUI!

Algumas partes da anatomia humana onde podemos encontramos a proporção áurea. Em destaque na imagem abaixo a mão humana e suas medidas proporcionais.


Essas proporções anatômicas foram bem representadas pelo Homem Vitruviano, obra de Leonardo Da Vinci. O Homem Vitruviano é um desenho famoso que acompanhava as notas que Leonardo da Vinci fez ao redor do ano 1490 num dos seus diários. Descreve uma figura masculina desnuda separadamente e simultaneamente em duas posições sobrepostas com os braços inscritos num círculo e num quadrado. A cabeça é calculada como sendo um oitavo da altura total. Às vezes, o desenho e o texto são chamados de Cânone das Proporções.


"Meçam a distância do ombro às pontas dos dedos, e então dividam-na pela distância do cotovelo às pontas dos dedos. Outra vez PHI. Mais uma? Anca ao chão a dividir por joelho ao chão. PHI. Articulação dos dedos das mãos. Dos pés. Divisões espinais. PHI, PHI, PHI. Meus amigos, cada um de vocês é um tributo ambulante à Proporção Divina." (Trecho retirado do livro "O Código Da Vinci de Dan Brown).


OUTRAS PROPORÇÕES INTRIGANTES NA NATUREZA

FIGURA 1
Observamos a Golden Proportion nas folhas de uma planta. Elas são arranjadas de forma espiral ao longo do galho, não impedindo a luz do sol em nenhuma das folhas. A soma dos dois primeiros passos da espiral, começando do topo é igual ao tamanho do próximo passo, por exemplo, A+B=C, B+C=D, etc.
FIGURA 2






Consideremos que exista um padrão helicoidal [para a esquerda ou para a direita] para as folhas em torno do caule. Cada conjunto de 3 folhas consecutivas [1,2,3] nascem formando um mesmo ângulo entre 1 e 2 e entre 2 e 3, mantendo uma certa distância ao longo do caule.


Na Figura 2 , a folha 3 forma um mesmo ângulo com 2 da mesma forma que a folha 2 forma com 1. Admitimos o mesmo padrão para todas as folhas restantes. Podemos identificar o período p como o número de voltas necessárias até nascer uma nova folha se sobrepondo à primeira e m indicará o número de folhas por período, neste caso, p=2 e m=5. Numerosas experiências com plantas mostraram que p e m assumem mais frequentemente valores como 1, 2, 3, 5, 8, 13, ..., que são os números da seqüência de Fibonacci.

Existem também exceções, mas os números de Fibonacci ocorrem tão freqüentemente que não podem ser explicados como casuais. Os biólogos tentaram explicar a predominância dos números de Fibonacci na Filotaxia. A simetria das folhas pode dar equilíbrio ao caule e também facilitar a exposição à luz, mas a ciência está longe de uma explicação satisfatória.